quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

pálidas sombras...





as paredes antigas fascinam-me... ninguém, nem o tempo consegue tirar-lhes o ar misterioso, guardam segredos dos que perderam o norte, deixando saudade ou quem sabe sabor amargo com a sua ausência...parece que alguém aguarda por detrás ... quando as olho consigo abstrair-me da realidade... quando a chuva cai do céu e o vento não cala, mantêm-se nelas as cores sombrias duma primavera empalidecida, resta o sol na memória de primaveras risonhas dentro das quatro paredes... fico no sonho o outono cala as minhas sombras, desespera por cobrir a solidão que se faz sentir no peito, apesar da beleza a folhagem vai caindo como um pranto ao acaso e sem medo levada pelo vento norte à sorte...as folhas são lembranças soltas, virá de novo a primavera e logo depois dar-se-à o renascimento, só a vida não volta....

natália nuno

vazio nocturno...



a mente não lhe dá tréguas, segue sozinha seu caminho, no peito leva lamentos que ninguém entende, se ao menos a escutassem poderia ser feliz, o coração chama acesa, mas o destino não quis, arroja-se nas palavras onde a saudade enfrenta, às vezes tempestade no pensamento, e assim vai suspirando, sonhos, desejos e lamento, o olhar contas de vidro baço, de dor cheia desenleia a recordação dum abraço... o rosto cansado onde o sol já se deita, o sorriso já se desfaz a fugir à tempestade, e a mente sem tréguas não lhe dá  paz...conta as horas do tempo que lhe foge,  a esperança que era verde e já se perde, é tarde desvanecem-se os sonhos, as lembranças são instantes perdidos, olha as últimas nuvens no céu, as aves andam distantes, as amarguras do dia são delírios de chuva a tocar o poente, e na sua mente a maré grande da melancolia, a terminar seu dia.

natalia nuno

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

fomos um tempo...



esse lugar onde habitamos a sós em alguns momentos, é onde sentimos que alguma coisa em nós ficou viva, é o recordar dum existir num dado tempo só nosso, é escutar o rumor que nos vai na alma, reconhecer que ainda há uma esperança num presente amedrontado, beber a lembrança e aprofundar o sonho que tem de se agarrar com as duas mãos.

natalianuno

domingo, 20 de janeiro de 2019

desabafo...




Talvez me mortifique no vazio da espera, o sol hoje trouxe emoção a pequenas coisas, tocou o meu coração e eu toquei o horizonte azul dos sonhos, aos olhos voltaram pássaros de ternura, na mente o sussurro enfeitiçado da felicidade e nas mãos molhos de trevos avermelhados colhidos na aridez da alma onde brota sempre uma esperança...

natalia nuno