quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

agitada corrente...



fui diluindo memórias em palavras sentidas, em pequenas prosas, tal como areia engolida pela mar, resumo de anos vividos, com emoção, numa torrente de sussurros e quimeras que o coração não quis calar...audaz nas ideias. numa caligrafia errante fui levantando velas na fúria dos ventos, navegando nos sonhos, numa agitada corrente até me deixar tranquila numa nostálgica saudade...de repente a imaginação cai no vazio e, lá se vai meu próprio alento para um vale escondido, onde a única face é o silêncio e a noite desolada, apagada numa única lágrima que me afoga... e o mar que em mim pulsa segue o seu destino...enquanto o eco da memória me recrimina pela vida que se apaga num sopro frio e solitário...e me traz a saudade de menina.

natalia nuno

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

no mutismo do olhar...



quem me procura, o que se passa? desfaz-se a lua, o silêncio me oprime, a madrugada começa...entretanto o coração pulsa nas paredes aguardando a decisão da morte...as palavras voam e transformam-se nos meus dedos, os pensamentos surgem solidários e a escuridão fica mais ténue e eu começo a sonhar até ao feliz esquecimento de mim própria...abro a janela de par em par e esqueço o rosto quase sem vida que afinal é ainda o meu, aquele, que com uma confusa lágrima se acaba ao recordar o feliz tempo que tanto amava... e uma flor sempre renasce no mutismo dos meus olhos e nos meus dedos de solidão ainda há um rodar de ardores, promessas, sonhos, que florescem desesperadamente...chega assim à plenitude, todo o tempo que perdura em mim.


natalia nuno 
rosafogo

domingo, 8 de janeiro de 2017

estendo o olhar...



um murmúrio perdido que ninguém ouve ela traz  da infância, quando habitava um lugar de luz, hoje sombra escurecida... é pássaro que dá bicadas no vazio e ninguém dá pela sua presença. sussurra palavras trémulas e distantes que ninguém ouve e são como enfaroladas nuvens prestes a derramarem num chão com rumor a agonia, e ao mesmo tempo é ainda juventude ou apenas memória numa confusa dualidade... pôs o sorriso no esquecimento, por desejo ou capricho escreve poemas acariciando as palavras que despertam na sua memória, o sonho é a chave do seu viver... o seu corpo é a languidez da tarde onde o Sol já dormita, astro que sempre a acompanhará no silêncio turvo dos versos, numa solidão crescente, até que um dia o pulsar acabe...e nada mais perturbe o seu silêncio, nem lhe negue os seus desejos...um agasalho a cobre, feito de livros e folhas de papel onde a aguarda sempre um poema que quer conquistar...

natalianuno