segunda-feira, 2 de julho de 2018

ainda é meu tempo de viver...



parti, por não ter chão onde semear sonhos, cerro as palavras na boca, deixo-as na terra adormecida do meu âmago, talvez que as sementes germinem mais tarde em horas de saudade e docilmente se entreguem em versos chorosos que embaciem os olhos, ou  suspendam a tristeza  e o vazio do tempo e venham dourar o verde onde a minha esperança cresce... estranhamente é verão, mas, o dia é de penumbra a memória apaga-se lentamente e eu fico de morte ferida, mas ainda vivo, ainda é meu tempo de viver...exausta parti de mãos vazias, levo os desencantos, vou palmilhando o chão e levo por companhia a solidão, voltarei quando fôr lua cheia, se ainda fôr capaz de aprender a primavera, e as folhas em mim caídas voltem a reverdecer em meus sonhos, eu possa moldar de novo as palavras a meu jeito, e nada impeça que me tragam a promessa de ser gaivota na planície...com olhos de madrugada.

natalianuno
Foz do Arelho
2/7/2018