sexta-feira, 30 de setembro de 2016

perdida...



de repente há um aroma que me recorda o que ficou para trás, e as minhas palavras são as sombras onde me encontro perdida, lá onde a dor é mais forte e me deixa sem norte, sou agora a velhice e ao mesmo tempo a juventude, grito a dor num poema invisível que declamo amiúde, e num golpe de garra saio do silêncio dos versos e continuo a pulsar com uma força que não aceita derrube...e o amor é um agasalho que me cobre e me põe a sonhar...caio assim neste abandono de doçura vestida, adormecida na minha derradeira saudade.

natalia nuno

sábado, 24 de setembro de 2016

ré desta passagem...



deslizo o ferrolho dos sonhos, deixo as portas entreabertas e sigo o destino dos meus passos, levo o olhar enxuto e no coração a sede dos abraços...fico imune à sentença dos anos, podem vir luas e marés e enfeitiçados oceanos, que não haverá dor que me quebrante nem pena que os meus olhos apague, agarro o sonho e jogo o jogo da vida um pouco à sorte, vencendo a morte e as horas de incerteza, e é assim, sonhando, que o tempo sepulto para que pare o corroer dos meus traços, que deixe de golpear-me a pele, não quero sentir o seu peso a rodear-me, a calar-me a alegria, a consumir-me numa cinzenta melancolia, tornando minha existência enegrecida...quero esquecer o silvo do seu rancor...busco a vida e suplico-lhe amor...

natalia nuno
em homenagem
 Florência de Jesus

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

miragem...



uma miragem branca passa pela mente, e esta vai macerando o esquecimento, mas nas sombras dos teus olhos, consigo ver com os meus, que o amor é mais forte e tenaz que a confusão e o caos que às vezes quer apoderar-se do pensamento e apagar o odor a madressilva, o mel quente e o prazer que ainda nos atravessa...no oásis da memória continuam os sonhos como milagre, numa claridade distinta onde permaneces e eu continuo a amar-te...não fugiram de mim recordações que são astros vermelhos de verão a morar no meu coração.

natalia nuno

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

abandonos...



um mundo dentro doutro mundo, onde há felicidade e onde esta pode ser fugitiva, é sempre um íntimo mistério, sonhos sem limites ou limitados, memórias atadas ou soltas nos corpos incendiados de amor, quando o tempo não existia...atónitos meus olhos as fitam e a minha mente cria história feita d' amor e nostalgia nas palavras sempre com um júbilo novo...

natalia nuno

abandonos...



ao olhar estas janelas sinto que há nelas um resto de voz apagada,uma angústia, um subtil desassossego, uma atitude de espera, um ar perdido, e me envolvo de tal forma que invento histórias de silêncio, que são no fundo o que elas serão sempre...silêncio, gemido, mistério, onde a vida já pouco ou mesmo nada existe...e os dias são intermináveis com o torpor de quem continua esperando...

natália nuno

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

dar sentido à vida...



continuo a minha marcha de silêncio, reside em cada canto da minha mente o caminho voluntarioso até que termine a minha missão...às vezes as estrelas brilham sob meus pés e é como se pisasse o firmamento e me deixasse transportar para um mundo de sonho...guardo o brilho da lua dentro de mim, olho da minha solidão o tempo a passar e como uma parede coberta de heras me fica o coração. caio no açoite da noite que me leva o sono, mas eu sonho...sonho acordada com a firmeza da juventude não permitindo que o coração esfrie...levo comigo o calor da esperança, nos meus sonhos há sempre uma flor mágica de cor vermelha apresentando um ar sobrenatural, que me mostra a vida e me faz renascer a cada dia... é a esperança, que me faz sonhar até a aurora beijar o poente, e a reencontrar-me profundamente,,,

natalia nuno