sábado, 25 de fevereiro de 2017

sou tua...pequena prosa



não sei por quanto tempo vou caminhar, da garganta do tempo me vem esta solidão e é com ela que vejo meu mundo a desabar...ecos chegam de alguma voz distante e em lufadas de vento percorrem-me o pensamento, enquanto meus dedos crepitantes continuam a escrever, a agarrar-se à poesia como arpões, aos poucos morrendo de ilusões e nas janelas das minhas insónias procuro ainda o sonho e pequenas sensações que espalho em meu alento, sem que nada nem ninguém as destrua, porque o sonho é meu e nele eu sou tua...há uma sombra que surge denunciando passos e apesar da decadência eu sonho ainda com teus abraços...constante e cega, vivo nessa loucura da qual já não há volta, nesta fria obscuridade abro de par em par o coração deixo nele à solta para sempre a saudade.

natalia nuno

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

violenta-me o tempo...



quando fecho os olhos, alcanço estrelas que me iluminam no silêncio turvo das palavras, visita-me o futuro, e o frio trespassa-me até aos ossos, que mistério esconde?... acato o destino, as palavras concedem-me a dúvida que me deixa numa indefesa inquietude...tremem as minhas horas, abandono-me entre o monte e a urze e ali fico semente, a aguardar por germinar ainda um pouco mesmo sendo a minha estação o outono...sussurra-me o vento, trazendo-me sensações de velhas recordações e a minha memória, irrompe como uma borboleta cujas asas já mal se se sustêm, ainda assim, vive nelas a lembrança dum amor vivaz...o tempo pôs a sombra no meu rosto, enquanto o sol se escondeu no arvoredo, o silêncio se fez com chicotadas na mente, na boca palavras errantes e vazias, e no olhar os raios prateados da lua, a velar-me os pensamentos.

natalia nuno