ontem não vimos o sol, choveu sem violência, e ficámo-nos a olhar o rio, esse rio que já é oceano, surgiram mais umas rugas nas têmporas, enquanto as nuvens se afogavam na luz morna da tarde... a noite é agora carvão e o horizonte já abraça o crepúsculo, e eu recordo o dia de ontem, pois a amizade me arrancou um sorriso...amanhã uma luz macia trará um novo dia, e eu serei o que sou por quanto tempo DEUS quiser, me enviará um sopro doce do vento para me adoçar o peito que pende um pouco para a tristeza...a vida vai-se prolongando e botões de lírio (sonhos) vão despontando... à minha janela chegam os ramos dos salgueiros, onde os pássaros aventureiros me espreitam por entre a folhagem, curvada encosto-me à parede a olhar o rio, a matar a sede, a sede de amar, meus olhos seguem o esvoaçar das aves, lembrança que lentamente se apaga, olho as flores que sugerem amor, e é aí que o sonho começa, deixo-me acariciar pelo vento, sou como a flor pela chuva seduzida, absorta em pensamentos, desafiando a vida... afinal sou real como uma flor!
natalia nuno